O Governo do Estado, a empresa norte-americana Synthesis Energy Systems (SES) e sua representante no Brasil, Vamtec S/A, assinaram nesta quarta-feira (7), no Palácio Piratini, um memorando de entendimento para a realização de estudo de viabilidade técnica, econômico-financeira e ambiental, voltado à implantação de uma usina de gaseificação de carvão na região de Candiota, no Rio Grande do Sul. O acordo, válido por um ano, foi alinhavado na missão à China, no final de 2013, quando representantes do Sistema de Desenvolvimento do Estado visitaram a unidade da SES em Xangai.

“Vamos desatar essa questão do carvão, uma aspiração histórica do Estado”, comemorou o Governador Tarso Genro, acrescentando que o emprego de tecnologias ambientalmente seguras atendem à proposta de crescimento sustentável do Governo. O presidente da Vamtec, José Roberto Varella, mostrou confiança de que o estudo demonstrará a viabilidade da planta de gaseificação e até arriscou uma data para operação da futura usina: 30 de março de 2017.

Segundo ele, o prazo para a conclusão do estudo, orçado em 4 milhões de dólares,  é de 12 meses. Para a instalação da planta, outros 24 meses. O executivo explicou que o investimento médio para gerar energia é de 200 milhões de dólares. Já para a produção de metanol, 450 milhões de dólares. A ideia, adiantou, é implantar uma operação mista, com módulos geradores de 75 MW e produção de 300 mil toneladas/ano de metanol. A proposta é aproveitar a infraestrutura existente nas fases A e B da usina termelétrica de Candiota.

“É uma preocupação de nosso Governo criar alternativas sustentáveis para o uso das reservas de carvão do Estado. A carboquímica representa isso, além de agregar valor ao mineral”, afirma o secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, que coordena o Grupo de Trabalho da Carboquímica, criado em março como uma das ações estratégicas da Política Industrial.  “Buscamos novas bases tecnológicas para o carvão, adequadas ao século 21”, resume o presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Ivan De Pellegrin.

A assinatura do memorando de entendimento teve a presença do secretário de Infraestrutura, João Victor, da diretora de Novos Negócios da SES, Alma Rodarte, e do presidente da Fiergs, Heitor Müller.  Amanhã (8), SES e Vantec firmarão memorando de entendimento com a Prefeitura de Candiota e, na sexta-feira, com a Cientec.

Setor desperta interesse externo

O acordo com a SES é a segunda parceria internacional firmada pelo Governo na área de carboquímica em uma semana. No dia 30 de abril, na Coreia do Sul, foi assinado um memorando de entendimento com o grupo Posco, durante missão promovida pela Apex-Brasil à Ásia. O acordo envolve ainda a empresa gaúcha Copelmi. Enquanto o trabalho com o grupo coreano avaliará a viabilidade de implantação de usinas voltadas à produção de gás de síntese (Syngas) para uso industrial, comercial e residencial, o foco do estudo com a SES é a gaseificação para fins de geração de energia elétrica.

A inclusão da gaseificação do carvão na Política Industrial visa o fomento a um novo setor econômico, que pode potencializar o desenvolvimento das regiões carboníferas do Estado (arco geográfico iniciado na Fronteira com o Uruguai, que passa pelo Baixo Jacuí e aparece novamente no Litoral Norte). Aceita e incentivada pelos órgãos ambientais do mundo todo, a carboquímica pode contribuir para o desenvolvimento de inúmeras indústrias e polos industriais de gerações sucessivas, como borracha sintética, combustíveis (gasolina e etanol sintéticos), plástico, fertilizantes, madeira aglomerada e mobiliário (MDF/HDF) e metanol, por exemplo.